Dungeons and Dragons: Entenda a polêmica da OGL

D&D OGL 1.2 entenda tudo sobre essa questão em Dungeons & Dragons

OGL A POLÊMICA: Prestes a termos os 50 anos de D&D, em 2024 com o One D&D, com um filme que encantou boa parte da comunidade, o D&D Honra entre Rebeldes.

Mas o que podia ser clima de comemoração e celebração, virou claramente um clima de enterro, de tristeza e terror.

Teriam os magos da costa enlouquecido e mais uma vez tentado aprisionar o Dragão para apenas seu usufruto?

Vamos nessa jornada um passo de cada vez, pois embora os fatos sejam atuais, essa história começa há pelo menos 23 anos e nesse tempo muita coisa aconteceu, então permitam que eu recapitule alguns pontos importantes.

Entre Dragões e Magos – A história da OGL, o que é?

Dungeons & Dragons sempre foi o sistema de RPG mais conhecido no mundo, é de certa forma o grande pai do RPG e ainda hoje é considerado o maior do mundo.

Não é incomum pessoas fora do hobbie entenderem que RPG é sinônimo de Dungeons & Dragons, isso demonstra a importância desse sistema.

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Criado nos anos 70, o sistema floresceu nos 20 anos seguintes e deu início a uma nova indústria.

E nos últimos 50 anos foi responsável não apenas por inúmeras carreiras, mas também por muitas fórmulas encontradas em jogos eletrônicos, filmes e até mesmo séries.

Já no final dos anos 90, a empresa que era dona do D&D não estava muito bem das pernas financeiramente, dessa forma, a TSR acabou por ser comprada pela Wizards of the Coast (97).

Então uma empresa que surgia criando aventuras para Dungeons & Dragons mas que conseguiu enriquecer com card games.

onde fica a wizard os the coast que lançou a licença ogl 1.2

A própria Wizards of the Coast (WotC) foi tão vítima de seu próprio sucesso, que eventualmente foi comprada pela Hasbro (99). 

No ano 2000, já sob tutela da WotC, foi lançado o D&D 3ª edição, que trazia um sistema reformulado tentando conciliar pessoas que ainda estavam na versão 1 do antigo AD&D e que não viram mudanças grandes o bastante para migrar para o AD&D 2ª edição.

Nasce a OGL 1.0

Mas algo ainda mais importante aconteceu junto ao lançamento dessa terceira edição, uma maravilha moderna chamada de OGL, ou ainda, Open Game License chegou.

Desse modo, abriu-se as portas para um novo paradigma onde a colaboração de diversas empresas poderia nutrir uma comunidade criativa.

A premissa da OGL era simples, ao contrário do que a TSR fazia no passado, a WotC resolveu compartilhar seu maior produto de RPG para que toda comunidade pudesse aproveitar e desenvolver.

Várias empresas aderiram a isso e a quantidade de livros lançados para D&D 3 e 3.5 provavelmente superam vários dos outros grandes sistemas juntos, incluindo o antecessor, o AD&D 2nd.

Foram tantos livros de tantas empresas, que por um tempo pareceu que D&D, ou ainda, D20 se tornou realmente sinônimo de RPG, mais ou menos como aconteceu nos anos 70 e 80, trazendo um novo vigor para a marca e para o Hobbie.

A ganância está falando alto, mais uma vez!

A WotC estava feliz por ter se tornado praticamente sinônimo de RPG e tentou tomar o controle de tudo para si, publicando a 4ª edição de Dungeons & Dragons.

Entretanto, dessa vez não pela OGL, mas por uma nova licença chamada de GSL extremamente mais restritiva.

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A nova licença não era tão interessante para outras empresas, com apenas a empresa dos Magos da Costa se beneficiando de tudo que seria criado com o sistema a partir daquele momento.

Não deu certo, sem entrar no mérito de qualidades e defeitos dessa edição, a 4ª não apenas não emplacou como fez surgir o principal rival do D&D até os dias de hoje, Pathfinder.

Anos se passaram, a WotC pareceu ter sentido o impacto e aprendido a lição, vindo a lançar a 5ª edição do D&D, novamente pela OGL, trazendo novamente liberdade e um convite a todos que ajudassem a criar e manter essa comunidade.

Boa parte da comunidade abraçou essa ideia, mas ainda assim o RPG continuava como algo de nicho, como uma atividade de poucas pessoas e que ainda carregava um pouco de preconceito social.

Dois acontecimentos nos anos seguintes ao lançamento dessa quinta edição mudariam isso.

Coisas Críticas

Critical Role dispensa apresentações para os que conhecem RPG, você pode até não gostar e ter suas críticas à espetacularização do RPG, mas Critical Role conseguiu furar a bolha e trouxe um movimento e saúde consideráveis para o RPG.

Some a isso, as coisas estranhas, no caso, Stranger Things, uma série que resgatava a mítica e a estética dos anos 80, incluindo nesse pacote o bom e velho Dungeons & Dragons. 

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Essas duas iniciativas surgiram da própria comunidade, não eram iniciativas financiadas pela WotC, mas sim por pessoas que tiveram o RPG como parte integrante de sua vida e construção em seu próprio crescimento.

Mas se errar é humano e persistir no erro é burrice, talvez pelas diferenças administrativas, a WotC novamente cometeu a burrice de querer tomar para si algo que não era de fato dela, a comunidade que sustenta o RPG. 

O Um D&D para todos governar? Uma OGL para na escuridão aprosioná-los

Para a comemoração de 50 anos, foi anunciada uma nova versão do D&D, mas não seria a 6ª edição, seria o One D&D, uma espécie de D&D definitivo, mas que curiosamente ficou parecendo o “One Ring” de Sauron. 

E assim como Sauron agiu por séculos em segredo e pelas sombras, a WotC também tentou fazer isso, criando uma nova versão da OGL que desautorizaria a versão 1.0a e a enviou para os principais parceiros. 

Só que as coisas não estavam legais, essa nova OGL, chamada de OGL 1.1, parecia na verdade apenas uma GSL (aquela da 4ª edição) ainda pior, com uma máscara e uma adaga a ser enterrada nas nossas costas.

Graças à jornalista Linda Codega, a notícia se espalhou rapidamente e a comunidade começou a se mover.

Após revogar a OGL 1.0a, além de toda criação de D&D estar sob domínio da WotC, muitos outros sistemas que usaram o porto seguro da OGL ficaram sob o risco de terem que desaparecer de uma hora pra outra.

open Dnd OGL licença aberta para Dungeons and Dragons

O assunto teve idas e vindas, primeiramente quando a tal OGL 1.1 vazou na Internet, ficou claro que era uma tentativa de sequestrar a comunidade de D&D e torná-la totalmente dependente da WotC.

Quem não se lembra da história na época da 4a edição? Onde a prórpria Wizards fez com que nascesse o Pathfinder. 

Essa OGL dessa forma visava bloquear que algo assim acontecesse novamente.

O silêncio custou caro

Por dias a WotC ficou em silêncio e quando finalmente se pronunciou.

Tentou então criar um clima de descrença em cima dessa nova OGL, especialmente pela alegação de que era apenas um rascunho e não a versão final enviada para assinatura para diversos criadores e empresas.

Mas novas informações vieram a tona!

A empresa estaria ciente do problema e decidiu dobrar a aposta mantendo tudo em silêncio para que eventualmente a comunidade se esquecesse disso tudo.

Afinal, quando se fala de uma empresa que vende livros de RPG, o termômetro real é impreciso de demorado.

Um livro que seja lançado hoje, demora no mínimo três meses e em média seis meses para que seja perceptível a recepção do público.

Dessa forma, algumas mudanças podem ser lentas.

Mas não estamos falando apenas de livros de RPG, a mais recente aquisição da WotC foi o DnD Beyond, uma plataforma para jogar RPG através da internet similar a tantas outras como Roll 20 ou mesmo Fantasy Grounds. 

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Esse foi o erro da WotC, se o termômetro dos livros era lento e impreciso, o termômetro das assinaturas do serviço refletiam algo em tempo real.

Desse modo, a comunidade conseguiu se mobilizar para agir da única forma que parecia ser funcional, através de um boicote:

Atacar diretamente o bolso da WotC através do cancelamento de assinaturas do DnD Beyond, o que rapidamente foi sentido.

Em uma nova OGL 1.2, a empresa pediu desculpas e apresentou uma licença melhor que a OGL 1.1, mas não é por ser melhor que ela é boa.

Os problemas que existiam na 1.1 estão praticamente todos ainda lá e eles deixam claro que a WotC tem a intenção de se tornar a única plataforma a poder explorar o D&D através das mesas virtuais.

Inclusive a desautorização da OGL 1.0a

foto da ogl 1.2 de D&D da wizards

Dessa forma, embora ela tenha melhorado em relação à licença anterior, não está nem perto de ser algo aceitável ou saudável, mesmo com a abertura dada para a comunidade através da pesquisa que qualquer um pode preencher.

Essa história não acabou e não está nem perto de acabar, o que pode ter sido mais um movimento para ganhar tempo.

Parece que não está surtindo efeito, com a cada dia milhares de novos cancelamentos à assinatura do DnD Beyond acontecendo.

Na ânsia de novamente tentar controlar todo mercado, a WotC pode ter repetido seu erro e acabar por perder essa comunidade.

Veja aqui a OGL 1.2 lançada pela Wizards of The Coast

E agora? OGL da Paizo é ORC

Com todo ess movimento da WotC, muitas empresas foram pressionadas a se movimentarem também, em especial a Paizo e a Kobold Press que criaram respectivamente a licença ORC e o projeto Black Flag.

O objetivo é manter o o RPG aberto e sem que possa ser controlado por qualquer empresa no futuro.

a Reposta da Paizo

E enquanto essa guerra fria se inicia, sem algo finalmente lançado e declarado, o mercado e a comunidade entram em um impasse.

Como sobreviveremos até uma resolução? Aguardem pois muitos dados ainda precisam rolar.

E os dados rolaram, como se encerrou essa polêmica?

E no dia 27/01/2023 saiu a resolução, foi publicado no D&D Beyond o resultado da pesquisa sobre a 1.2.

Quando você nos dá feedback do playtest da OGL, nós o levamos a sério.

Mais de 15.000 de vocês já preencheram a pesquisa. Aqui está o que você disse:

nova-resposta-wizards-1.0a

88% não querem publicar conteúdo TTRPG sob OGL 1.2.
90% teriam que mudar algum aspecto de negócios para acomodar o OGL 1.2.
89% estão insatisfeitos com a desautorização do OGL 1.0a.
86% estão insatisfeitos com o projeto de política de VTT.
62% estão satisfeitos com a inclusão do conteúdo do Documento de Referência de Sistema (SRD) no Creative Commons, e a maioria dos insatisfeitos pediu mais conteúdo do SRD no Creative Commons.

Desse modo a Wizards coloca o SRD 5.1 em sua totalidade na Creative Commons e deixa a Licença 1.0a irrevogável e ativa.

Esses resultados da pesquisa ao vivo são claros. Você quer OGL 1.0a. Você quer irrevogabilidade. Você gosta de Creative Commons.

O feedback está em um volume tão alto e sua direção é tão clara que estamos agindo agora.

1.Estamos deixando o OGL 1.0a como está. Intocado.
2.Também estamos disponibilizando todo o SRD 5.1 sob uma licença Creative Commons.
3.Você escolhe qual prefere usar.

Uma grande vitória da Comunidade de RPG de Mesa contra uma grande empresa do mercado. Parabéns!!!

E aqui você pode baixar o SRD 5.1 sob a CC.

SRD 5.1-CC

Texto Escrito por: Arddhu

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